NOTÍCIAS – TRANSMISSÃO YOUTUBE
Erich Beting
O Brasil começa hoje a entrar numa nova era no que diz
respeito aos direitos de transmissão no futebol. O YouTube passará a
transmitir a Copa del Rey, da Espanha, também para os lados de cá. A primeira
partida que será exibida é a do Barcelona (detalhes aqui).
O negócio representa um ponto de
virada importante na questão dos direitos de mídia esportivos. Repare bem que
não dá mais para usar a expressão “direitos de TV'', uma vez que não temos,
hoje, o mesmo cenário que havia há dez anos, quando as principais emissoras de
televisão do mundo começavam a entrar em colisão com o YouTube.
Naquela época, a briga era pelo
direito de exibir melhores momentos dos principais eventos esportivos
praticamente de forma instantânea. Sabe aquele touchdown fantástico que só
a Fox havia transmitido no Superbowl? Pois é. Dali a 10 ou 15
minutos alguém já tinha copiado o sinal de TV e subido o lance para todo
mundo ver, em qualquer lugar, sem que os “direitos'' fossem preservados.
Hoje, pensar que alguém queria ir
contra o YouTube há dez anos parece um contrassenso. Não era. De fato, até
aquela época, as imagens em tempo real de um evento eram restritas a
quem havia pago, bem caro, por isso. Mas aí a banda de internet nas casas
foi-se alargando, as emissoras perceberam que elas precisariam fornecer vídeos
em seus sites e o negócio foi crescendo a tal ponto que o detentor do direito
de mídia de um evento arranjou um jeito de conquistar o fã do esporte sem
precisar se preocupar se o YouTube estava ou não violando suas propriedades
exclusivas.
O YouTube, com isso, perdeu espaço.
Até então, ele funcionava praticamente como a plataforma para tudo o que
circunda o meio esportivo, à exceção do evento em si. Eles não transmitiam ao
vivo, mas conseguiam mostrar todo o restante. É só ver o quanto conseguem de
exposição os canais oficiais de clubes de futebol. Não é o esporte em si,
mas a paixão pelo esporte que o YouTube compartilha e viraliza para todo o
mundo.
O ponto, porém, é que o YouTube
começa a se mostrar uma plataforma mais eficiente do que a própria TV. O
site do Google tem toda a capacidade de criar algo que dispense ter ou não
a operadora x ou y, estar ou não à frente de uma TV, etc.
O que o YouTube representa, no lugar
do modelo tradicional de transmissão em vídeo pela TV, é a mesma possibilidade
que as emissoras temiam em 2005. Ele ganha o mundo. Tanto que, quando a liga
espanhola anunciou o acordo com a Mediapro para transmitir para 17 países
via YouTube a Copa do Rei, a perspectiva é de que isso leve a competição para 2
bilhões de pessoas, no acumulado de toda a mídia, considerando também os
acordos de TV.
No ano passado já foi possível
acompanhar o título mundial de Gabriel Medina por lá. Agora, chegando ao
futebol, a tendência é que o YouTube provoque um movimento praticamente irreversível
na questão de vermos, via internet, jogos ao vivo. Sem precisar, para isso,
apelar aos sites piratas…
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