Em jogo realizado no
último sábado (27) a equipe praiana despachou o palmeiras e segue em busca de
mais um título paulista.
SÃO PAULO - O Santos está nas
semifinais do Campeonato Paulista. Após empate por 1 a 1 com o Palmeiras no
tempo regulamentar, a equipe comandada por Muricy Ramalho fez 4 a 2 sobre o
rival na decisão por pênaltis e confirmou a sua classificação para a próxima
fase neste domingo, na Vila Belmiro. Os atacantes Kleber e Leandro
desperdiçaram as suas cobranças.
Apesar de ter levado alguns sustos no início da partida, o
Santos assumiu o controle do clássico quando abriu o placar com Cícero, que
completou um chute de Neymar após cobrança de escanteio. A partir de então, o
Palmeiras foi acuado e teve reduzidas as suas chances de acertar a rede.
Naquela que foi praticamente a última delas, aos 38 minutos do segundo tempo,
Kleber (herói e vilão no clássico) igualou o marcador com uma bela cabeçada.
O Palmeiras agora se concentra para começar a competir nas
oitavas de final da Copa Libertadores da América. O primeiro confronto com o
mexicano Tijuana será já na noite de terça-feira, no Estádio Caliente. Por sua
vez, o Santos terá mais tempo de preparação para o seu próximo compromisso na
Copa do Brasil. Enfrentará o Joinville apenas em 8 de maio, fora de casa, pela
segunda fase do torneio.
O jogo
Para se manter com chances de ser tetracampeão paulista, Muricy
Ramalho baseou, mais uma vez, seu esquema em Neymar, apesar de o atacante ter
sido dúvida até pouco antes da partida por dores na coxa esquerda. Mas, no
início, o astro sofreu bastante para fazer sua equipe andar.
Sem Galhardo, abalado pela morte do irmão, o Peixe entrou com o
volante Alan Santos fixo na lateral direita, sem passar do meio-campo para
liberar a subida de Léo pela esquerda. Renê Junior comandava a saída de bola,
com Arouca enfiado como um ponta direita, Cícero encostando em Montillo para
armar e André como referência na frente. Todos à procura de Neymar, que não
parava em campo. Mas nada disso dava certo.
Gilson Kleina deixou o volante Souza no banco de reservas para
ter a movimentação incessante de Leandro e Vinicius na frente, apesar de o
segredo estar no meio-campo. Charles e Ayrton se revezavam na lateral para
vigiar Neymar, com Marcelo Oliveira fazendo o mesmo com Léo Gago na esquerda
para anular Arouca. Márcio Araújo tirou Montillo do jogo, e Cícero ficava
perdido em campo, com Wesley e Charles passando em suas costas para o ataque.
Sem permitir o encaixe da marcação adversária, graças à rápida
movimentação, o Palmeiras teve chance de gol com Leandro, com espaço suficiente
para obrigar Rafael a fazer boa defesa em arremate de fora da área, aos seis
minutos. Aos dez, Wesley desarmou Renê Junior no círculo central e lançou
Vinicius, que tabelou com Charles e cruzou rasteiro para Leandro desviar rente
ao pé da trave esquerda de Rafael.
Para fazer seu time jogar, Neymar voltava até o campo de defesa,
inclusive para escapar da dura marcação que sofria ao atacar, quase sempre
caindo ao chão por levar entradas mais fortes. Mas bastou um momento de
desconcentração do Verdão para a qualidade dos anfitriões na Vila Belmiro
aparecer de maneira decisiva.
Em uma rara jogada de toques de primeira, Montillo passou para
Arouca tentar encobrir Bruno na grande área. O goleiro espalmou para fora e, na
cobrança de escanteio, o Palmeiras se esqueceu de Neymar, deixando o atacante
dominar no peito e bater cruzado. Também livre, mas na pequena área, Cícero se
esticou para colocar a bola nas redes, aos 12 minutos.
O jogo se transformou completamente após o gol do Santos. Tudo
que Muricy Ramalho ensaiou se encaixou, e o Palmeiras já não acertava mais
passes, perdendo a bola até mesmo na defesa. Acuada em seu campo, a equipe de
Kleina ainda viu Neymar driblar toda a defesa como quis na área e só não dar
assistência para André porque Marcelo Oliveira afastou quase da linha do gol.
Desconcentrado, o time ainda deixou Cícero livre de novo para cabecear, mas nas
mãos de Bruno, aos 19.
Na base da movimentação, os jovens Vinicius e Leandro
conseguiram recolocar o Palmeiras no ataque e até envolviam a defesa adversária
com suas tabelas, mas, quando olhavam na área, já não encontravam ninguém
porque Wesley e Charles estavam atrás do meio-campo, impedidos de avançar pela
imposição do jogo santista.
Mesmo soberano naquele momento, o Santos obedeceu Muricy e se
retraiu à espera do contra-ataque, dando a posse de bola ao rival. O Palmeiras,
porém, já não acertava tanto e só assustou em cobrança de escanteio que
Leandro, à frente do gol, cabeceou para fora.
O Peixe, por sua vez, chegou a balançar as redes em gol contra
de Henrique, em jogada anulada por falta de Neymar no zagueiro, aos 30 minutos.
E ainda quase fez um golaço com Edu Dracena, que parou em grande defesa de
Bruno e no travessão. O goleiro reapareceu também em falta cobrada por Neymar,
para evitar um placar mais elástico antes do intervalo.
Tentando resolver os problemas do Palmeiras, Kleina concordou em
arriscar tudo – “é isso aí”, ele disse – ao colocar o atacante Kleber no lugar
de Léo Gago. As primeiras investidas no segundo tempo, no entanto, foram do
Santos. Aos dez minutos, Cícero avançou pela direita e cruzou rasteiro. Neymar,
livre de marcação, chutou em cima de Bruno – enquanto os palmeirenses
reclamavam de impedimento no lance.
O Palmeiras não demorou muito a responder. Três minutos após o
susto, Leandro chegou a se desvencilhar do goleiro Rafael. O atacante só não
completou a jogada para o gol porque o veterano Léo teve fôlego para
interceptar o chute e salvar o Santos do empate.
Logo depois de o Palmeiras chegar próximo da igualdade, Muricy
resolveu entrar em ação. Sacou Alan Santos e André para as entradas de Neto e
Miralles e conseguiu o que queria: esfriar o clássico, obrigando o rival (que
não tinha criatividade) a rodar bastante a bola no meio-campo.
Gilson Kleina, então, gastou as suas últimas fichas. Souza e
Maikon Leite (vaiado pela torcida de seu ex-clube) entraram nas vagas de Márcio
Araújo e Vinícius com a missão de manter o Palmeiras vivo no Campeonato
Paulista. Parecia que não daria certo, já que Neymar e Miralles tiveram uma
série de oportunidades de ampliar o marcador para o Santos – e desperdiçaram
todas, com chutes em cima de Bruno, da marcação ou para fora.
Aos 38 minutos, quando alguns torcedores do Santos já festejavam
a classificação com provocativos gritos de “segunda divisão”, o Palmeiras
chegou ao empate. Souza cruzou da direita, e Kleber cabeceou com estilo para
marcar o seu primeiro gol pelo clube. Muricy Ramalho, depois de tantas chances
perdidas por seu ataque, ficou desolado com a iminente disputa de pênaltis.
Ainda assim, o Santos teve um motivo para se reanimar logo no
início das penalidades. Kleber bateu mal e não passou da defesa de Rafael. O
mesmo goleiro parou também a cobrança de Leandro, que havia buscado o canto.
Pelo time da casa, Miralles, Cícero, Montillo e Renê Júnior converteram. Do
lado do eliminado do Palmeiras, Souza e Wesley marcaram.